Quando cheguei, não fazia muito que a festa havia acabado, mas não tinha uma viva alma no recinto. Fui de mesa em mesa recolhendo os restos de cerveja de vários copos, até encher um completamente para mim. Achei uma bagana ainda em brasa, quase meio cigarro. Apanhei também. De outra mesa, juntei um prato com sobras de um picadinho de queijo, presunto e azeitonas. Estava com sorte, tinha uma cereja ainda intacta, atravessada por um palito. Encontrei no chão uma máscara, tipo a do zorro. Apanhei. Escolhi a melhor mesa do salão, sentei, tirei o chapéu, coloquei a máscara, pus uma perna sobre a outra e, calmamente, me pus a tirar baforadas, fazendo auréolas com a fumaça, bebericando minha cerveja, e degustando, de vez em quando, um picadinho. Que felicidade!

José Eron Lucas Nunes

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