A bem da verdade, devo confessar que nada me distingue das demais rãs que ocupam comigo o espaço deste ranário. Sou verde e rugosa e, como elas, também me alimento de insetos. Contudo, ousei sonhar que um dia seria Deus. Não das rãs, mas dos anjos luzentes. Algo me diz que o céu está vazio, e que ninguém ainda tentou arrebatar a coroa.
Algo também me diz que serei Deus (dos anjos luzentes), quando um homem apontar contra meu dorso o cetro do desassossego. Sei que então, ele me abrirá o corpo e me confiscará as entranhas. E a besta me chamará junto a seu seio. Depois de viajar no ventre dela, então, serei Deus. Sete anjos luzentes coroarão meu corpo transformado.
Álvaro Cardoso Gomes
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