As botas embatem surdas com os olhos excitados, na terra de ainda veios vermelhos. Separamo-nos para iludir a nossa figura avolumada pela carga, por entre a ronceira folhagem de cheiros silvestres, que mal desarredonda a sua saia verde de chuva, esparge acossados animais que se arrojam como devaneios perseguíveis pelos cães ou pela nossa habilidade de gatilho, sobre o que agora em celeridade vital se encova no fundo raso do campo cada vez menos espaçoso, menos respirável, a presa já se embacia nos ramais da morte, a nossos pés.

Gabriela Ludovice

Gabriela Ludovice

Share
Published by
Gabriela Ludovice

Recent Posts

Gonçalo M. Tavares vence Prémio Literário Vergílio Ferreira 2018

Gonçalo M. Tavares venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira devido à "originalidade da sua obra…

7 anos ago

Gente Lusitana | Paulo Fonseca

Cornucópia rosada de carne palpitante… com neurónios, comandada puro arbítrio, caminhante… Permeável, errante… de louca,…

7 anos ago