Tudo aconteceu. Alheio a qualquer batalha, a paisagem é este pátio retangular, muros de pedra e hera, nesgas de céu entre árvores copadas. Daqui a pouco, o ondear de vozes, restos de frases.

Alguém tosse dando aviso de mão. Quer falar e já não mais.

Eu sou o repositório de gestos, olhares fixos, solidões. Rostos e nomes que se diluem e fogem antes de resgatados: um exercício de cansaço.

Às vezes, a sensação de vagar em dois mundos. A hora da partida. A hora da chegada. E agora, ainda agora. Como nunca antes nada.

Ernane Catroli

Ernane Catroli

Share
Published by
Ernane Catroli

Recent Posts

Gonçalo M. Tavares vence Prémio Literário Vergílio Ferreira 2018

Gonçalo M. Tavares venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira devido à "originalidade da sua obra…

7 anos ago

Gente Lusitana | Paulo Fonseca

Cornucópia rosada de carne palpitante… com neurónios, comandada puro arbítrio, caminhante… Permeável, errante… de louca,…

7 anos ago