Ao Cortázar
É só abrir a geladeira, e ele começa a me acariciar. Um dia chegou a apertar meu seio. Afrontada, repeli-o. Em vão: ele continua a brincar comigo, como se nada tivesse acontecido. Quem sabe seja levado a isso por interpretar levianamente meus gestos: desde que ele ocupou a geladeira, para apanhar as frutas, a manteiga, o leite, as conservas, sou forçada a roçar-lhe o peito, as pernas, os braços, o que talvez o excite. Mas a mim, que tenho casa e filhos para cuidar e um marido que atazana por dá cá aquela palha, a brincadeira está custando caro. Às vezes, de noite, sonho a sua mão gelada correndo-me o corpo, na promessa de um prazer que há muito deixei de experimentar.
Álvaro Cardoso Gomes
Gonçalo M. Tavares venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira devido à "originalidade da sua obra…
Cornucópia rosada de carne palpitante… com neurónios, comandada puro arbítrio, caminhante… Permeável, errante… de louca,…
I A exemplo do que Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) disse do poeta argentino Rodolfo…
I Primeiro de uma série de cinco volumes, Poesia - Obra Reunida (Brasília: Universidade de Brasília/Thesaurus Editora,…
O professor Silas Corrêa Leite, jornalista comunitário, conselheiro diplomado em direitos humanos, ciberpoeta e blogueiro…