Repassada do desejo daqueles risos que se perderam e da lembrança dos encantos que nunca chegaram a acontecer, está a casa, palco deserto, onde outrora fantoches ensaiavam uma monótona coreografia. Aí, já não cabem as aparentes histórias nem o som de vidas a fenecer. Ouve-se, somente, o rangido das tábuas do soalho sob os passos das turbulentas memórias. Os segredos adormecem nas sombras, que desenham um retábulo de recortes esfumados, na espessura oca dos tectos negros.
O tempo ficou retido na fuligem que abraça o passado.
Lá fora, as manhãs desafiam a perenidade do momento.
Julieta Ferreira
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