15

Ninguém ouve ninguém. Da surdês que começa antes da palavra: nada se compenetra em coisa nenhuma. Exemplo próximo é a normal surdês humana: eu hoje falava na UL de caos e canto e o António Ramos Rosa interrompeu-me e começou a falar da paz que há nos seus livros. Depois falei de Novalis e ele respondeu como se eu tivesse falado de Pascal. Eu também: quando me disse que Adorno respondi que Celan. Alusões. Um ping-pong entre os surdos que todos somos. E quem ouvi era coisa o que escutava. Outras veredas para nenhum lugar.

Casimiro de Brito

Casimiro de Brito

Share
Published by
Casimiro de Brito

Recent Posts

Gonçalo M. Tavares vence Prémio Literário Vergílio Ferreira 2018

Gonçalo M. Tavares venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira devido à "originalidade da sua obra…

7 anos ago

Gente Lusitana | Paulo Fonseca

Cornucópia rosada de carne palpitante… com neurónios, comandada puro arbítrio, caminhante… Permeável, errante… de louca,…

7 anos ago