Três homens estão debaixo de uma árvore. Apressada, a vida passa diante deles.

— Dói-me o corpo — lamenta-se o primeiro.

— Dói-me o coração — lamuria o segundo.

— Dói-me a alma — filosofa o terceiro.

De repente a árvore tomba.

— Dói-me o corpo — geme o primeiro e morre.

— Dói-me o coração — balbucia o segundo e morre.

— Dói-me a alma — murmura o terceiro, com a morte já sentada ao seu lado.

Bruno Barão da Cunha

Bruno Barão da Cunha

Share
Published by
Bruno Barão da Cunha

Recent Posts

Gonçalo M. Tavares vence Prémio Literário Vergílio Ferreira 2018

Gonçalo M. Tavares venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira devido à "originalidade da sua obra…

7 anos ago

Gente Lusitana | Paulo Fonseca

Cornucópia rosada de carne palpitante… com neurónios, comandada puro arbítrio, caminhante… Permeável, errante… de louca,…

7 anos ago

Marcos Barrero, poeta de coração paulistano | Adelto Gonçalves

I A exemplo do que Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) disse do poeta argentino Rodolfo…

7 anos ago

Em homenagem a Cassiano Nunes | Adelto Gonçalves

                                                    I         Primeiro de uma série de cinco volumes, Poesia - Obra Reunida (Brasília: Universidade de Brasília/Thesaurus Editora,…

7 anos ago

Desvão de Almas, Miicrocontos, Editora Penalux, SP | Silas Corrêa Leite

O professor Silas Corrêa Leite, jornalista comunitário, conselheiro diplomado em direitos humanos, ciberpoeta e blogueiro…

7 anos ago