Sob o fumo azul das respirações, os pratos corriam de boca em boca. O corpo é coisa monstruosa, pele com visco, vísceras das quais a balaboosta fazia cozido na panela de pressão. De arrebentar o ventre nos partos dos filhos que engordara, de enjeitar os corpinhos cartilaginosos num amanhecer, de acordar com as mãos cheias de escamas, penugens e sangue, de torcer o pescoço de frangos lacrimejantes, a velha não sentia nojo de nada, salvo da colônia after-shave do finado incrustrada em cada criatura parida.
Katia Bandeira de Mello-Gerlach
Gonçalo M. Tavares venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira devido à "originalidade da sua obra…
Cornucópia rosada de carne palpitante… com neurónios, comandada puro arbítrio, caminhante… Permeável, errante… de louca,…