Tenho uma laranjeira no quintal, plantada por minhas mãos um dia, pequenina, a bem dizer criança, que no Inverno se cobre de frutos para mim. Por mais que a admoeste, lhe recomende temperança, todos os anos o esgaçar costumeiro dos braços crivados de frutos, no chão molhado. Comovido, nas noites frias, cinjo-me ao tronco dela e, corpo a corpo, juntos carregamos o martírio. Até ser manhã.

Augusto Baptista

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