Ela usava calças pretas
e um pulôver cor de rosa
passou diante das casas pequenas
de onde ninguém olhava
passou diante da caixa do correio
abriu a mão e a estampou
devagar sobre o arbusto
sobre a neve sobre o arbusto
depois seguiu seu caminho
mas a marca da sua mão ficou ali
espalmada
como um aceno fixo
uma saudação póstuma
como as pegadas dos dinossauros na pedra
antes de derreter.

Adriana Lisboa

Adriana Lisboa

Share
Published by
Adriana Lisboa

Recent Posts

Gonçalo M. Tavares vence Prémio Literário Vergílio Ferreira 2018

Gonçalo M. Tavares venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira devido à "originalidade da sua obra…

7 anos ago

Gente Lusitana | Paulo Fonseca

Cornucópia rosada de carne palpitante… com neurónios, comandada puro arbítrio, caminhante… Permeável, errante… de louca,…

7 anos ago