Disseste “velocidades”, falas-me disso? O que eu te disse, Mantónia, é que a coisa pode ter várias, mas tu é que me devias ensinar e não eu a ti. Sim, sim, mas diz lá o que é isso de velocidades. Respondo: Alta velocidade, a chamada rapidinha, e que por mim detesto: a última que dê descrevo-a no romance; ela vestia um Calvin Klein muito liso, muito negro e de repente saltou-me para cima, enfim, lá me aguentei mas o pobre do vestido é que não mas ela insistiu em levá-lo para a recepção, num dos hotéis da família, com dois ornamentos: um colar, que eu lhe trouxe de Quioto e uma mancha linda, esbranquiçada, que deve ter feito inveja a muita gente. Depois tens a velocidade normal: uma boa foda na praia (demos uma fantástica no Meco; e outra igualmente maravilhosa, desta vez com Izumi, nas trazeiras de uma igreja na Toscânia… Ah mas a ideal é a vagarosa, quase ao ralenti, será por causa da minha idade? Mas nunca gozei tanto como agora: devagar, devagarinho, até adormecer, evidentemente que lá dentro; e se possível por trás, em que o gozo assume várias tonalidades, desde a bruta e feia (ela adora), separada por momentos de natação aquática, nos orgasmos repetidos, que a sua lagoa vai produzindo para manter o menino quase liquefeito, porque nem só de verga metálica é feito um homem… Enfim: tal como uma mulher umas vezes se vem como se fosse o tal tsunami (não gosto) e outras como se fosse um rio que se vai tornando num pequeno mar… A mim, responde-me M., o tsunami sabe-me maravilhosamente, quase me mata mas é bom e depois é só esperar um bocadinho até que águas voltem a correr livremente mas mais tranquilas depois da tempestade… Em suma, diz ela, tudo é bom se for bem feito. E também concordo que uma das melhores posições é por trás mas por cima, não de lado pois essa parece ser a melhor forma de vocês acederem ao tal mítico ponto G e então, sim,

cada célula vai recordar-se desse processo muito saboroso. Quanto ao metálico, bem, tem a vantagem de não se poder fugir à deliciosa agressão, ainda que doa um bocadinho mas às vezes a fúria é tanta que as peças de desencaixam e depois o sofrimento é mesmo grande.

Casimiro de Brito

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