Caminhadas… | Ercília Pollice

Assim que entrei no parque, meu coracao mudou.
Senti aquela coisa boa, de quando pensador e sentidor caminham num mesmo compasso.Os guestaltistas têm razão.
Tirei fotos das alamedas. Nao resisti.
Gosto de gente, gosto de plantas gosto de árvores, gosto de vida.
Pessoas caminhando sozinhas, como eu, outras aos pares, aos grupos. algumas patinando, outras pedalando, e como sempre a turma da corrida…ah! tambem os que trazem os caes, como pretexto de um texto com contexto subliminar, mas tao explicito a mim, observadora que sou.
Um som de ” Asa Branca” de Humberto Teixeira, em ritmo de jazz foi me puxando para perto.
E, enquanto meus pés me empurravam para a música , meus pensamentos voaram pra Maninha,( minha cunhada Margarida) tão querida, que com ele teve sua única filha- Denise, que teve um filho com Cláudio Marzo, que faleceu esta semana.ah! Pensamentos são como plumas ao vento, ninguém segura.
No lago, os patos e cisnes nadavam alheios ao tempo, a tudo , e a todos.
As árvores, todas minhas conhecidas, fui chamando pelo nome: espatodias, acacias,jacarandás mimoso, eucaliptos, quaresmeiras, tipuanas, seringueiras gigantes, todas lindas, cada qual a sua maneira.
Lá longe , no horizonte , os predios arrematavam a paisagem formando um lindo” skyline”.
Gosto de caminhar observando as pessoas e imaginando o que lhes vai na alma.
Nesta manhã me pareceram todas felizes, em sintonia com tao exuberante natureza.Coisa boa poder, nesta cidade maluca, caminhar sem medo neste parque.
Bom seria se houvesse mais lugares assim , bom seria se a cidafe toda fosse assim, pois Sao Paulo e uma cidade linda em muitos aspectos. se o feio fosse cuidado, se houvesse justica e equidade no administrar, se fossemos mais obrigados de tudo e de todos, teriamos uma cidade perfeita.
Meus passos ja estao mais lentos…hora de voltar pra casa…tão pertinho, basta atravessar a rua…
Mas antes atravessarei a alameda de ” damas da noite” , insuperáveis. Absorvo seu cheiro tal qual mulher cheirosa pronta pra amar.
Sei que quando retornar de Londres, elas não mais estarão cobertas com suas flores brancas e seu perfume efêmeros. Que importa? O grande feito é o efeito sentido no meu peito nesta linda manhã de um sábado de outono.
A vida é bela e sorri pra mim atravės do azul de uns olhos que me fizeram feliz.

SP, 28/03/2015

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