HISTÓRIA DOS VENCEDORES NÃO É MAIS DO QUE UMA PARTE DA HISTÓRIA.
Das biografias contemporâneas, a mais silenciada na História dos vencedores é, sem dúvida, a de João Varela Gomes. Em 1961, foi o primeiro militar no activo a candidatar-se pela oposição democrática. A sua enérgica agitação tornou-o na figura mais popular da campanha eleitoral – para muitos, «um novo Humberto Delgado». Pouco depois, na Revolta de Beja, pegou em armas contra a ditadura, tendo ficado gravemente ferido. Sobreviveu e enfrentou o Tribunal Plenário com um discurso que teve eco na imprensa internacional. Cumpriu a pena e, após o 25 de Abril, foi reintegrado no Exército como coronel.
Durante a Revolução, dirigiu de facto a 5ª Divisão, que teve um papel decisivo para derrotar o golpe de 11 de Março de 1975. No 25 de Novembro, tentou opor-se ao estado de sítio, tendo, por isso, sido alvo de um mandado de captura e apontado no New York Times e no Le Monde como chefe de uma suposta insurreição. Depois de ter sido, em 1962, o primeiro a pegar em armas contra a Guerra Colonial, era, em 1975, o último a depor as armas perante a contra-revolução. Exilou-se e regressou a Portugal em 1979, ao abrigo da Lei da Amnistia. Nos anos seguintes, manteve uma incansável agitação política. Esta é a biografia de um homem que nunca se rendeu.
ANTÓNIO LOUÇÃ
Mestre em História Contemporânea. Viveu em Berlim na primeira metade dos anos 90, tendo nesta cidade iniciado a investigação sobre a receptação de ouro nazi por Salazar, tema sobre o qual editou vários livros e fez um documentário para a RTP. Publicou depois, com a historiadora Isabelle Paccaud, uma investigação sobre a condecoração nazi atribuída ao dirigente judeu português Moses Amzalak. Com a jornalista Sofia Leite, fez dois documentários sobre a História portuguesa do séc. XX.
Foi o representante dos trabalhadores no Conselho de Opinião da RTP, membro da Comissão de Trabalhadores da RTP e membro do Conselho Fiscal do Sindicato dos Jornalistas. É jornalista da RTP.
(Fonte: Editora Parsifal)