Música e silêncio. Descanso final. Cansava-se com as frases que surgiam em surtos já paralisadas de qualquer ato possível. Nunca imaginou que a espera da morte fosse tão cheia de delírios, como se palavras fizessem a ligação do corpo com a vida. Seria um descanso para lábios a morte de toda e qualquer fonte de significados. A hora estava próxima e não adiaria um segundo. Retirou a lâmina do bolso da camisa. Apalpou a artéria radial; cheia e acelerada. Treinou mais de cem vezes, não erraria. Vasculhou a memória à procura de imagens que poderiam aliviar a dor. Encontrou a música de Astor e o rosto da mulher que parou para pedir fogo, é o que levava consigo, viajante sem bagagem, sem esperança de uma vida após a morte. Para chegar ao verdadeiro fim de tudo, caso fosse necessário, morreria em série.
FIM
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