UM OVO DE AVESTRUZ – (Como as baratas que conhecem as trilhas do escuro) – Folhetim em Setenta e Seis Episódios – Sétimo Episódio

Perdido 78

A pausa é o porto dos prudentes. Um acaso apaga os registros da criatura viva. Aportar é descarregar as malas, esticar as pernas e pensar oceanos. Incauto quem não aborta para repensar a repetição. Nem tudo recomeça depois de uma boa foda, mas é preciso saber olhar. Cheirar. Tocar. Ouvir. Ouça o que o vento tem a nos dizer. Observe os vermes que nos habitarão no fim. Sinta o mais que puder o odor das coisas vazias. Toque as sombras. Mas cuidado para não feri-las.

 

(continua)

Carlos Pessoa Rosa

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