CAPÍTULO VII
Canto terceiro
Saio da loja. Encontro a parceira diante de uma vitrina. Ela sorri tão logo me vê. Aguarda-me. Mas, ao me aproximar, entra na loja e se perde na multidão. Fico parado, extremamente angustiado. Sensação de perder algo muito querido. Não demora, ela sai com dois jovens: um deles, alto, vestindo um blusão vermelho e mochila da mesma cor; outro, de cor mais cáqui, vestido de igual modo. Os três saem abraçados e caminham juntos. Eu atrás… No cruzamento, ela se separa dos jovens. Carrega uma expressão estranha no rosto. Talvez a de quem tenha usado droga e passado a noite em claro. Nos olhamos. Não há diálogo. Caminhamos juntos. Paramos em uma esquina. Penso no tempo em que juntos nunca nos falamos de verdade. Acordados, tornávamos insuportáveis um ao outro, dois estranhos que de comum só o orgasmo.
(continua)
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