O Senhor mudaria rumos, fosse da vontade, sem grandes tempestades ou furiosos temporais, que não é da natureza qualquer anima humano ou divino. Às leis naturais responde o universo, e o que plantamos no que vemos serve à poesia, não à vida. O delírio de rios e pastos secos como castigo faz parte de nosso imaginário. Quem poderia suportar um Deus enfurecido? Por que não me perguntei? O estar no que mais se parece com o pátio de um hospital psiquiátrico, estático como um demente, a ação e o movimento fixo em um instante de insanidade, não me surpreende. Nem a ira do Senhor, nem a nossa, desmorona montanhas. Ilusão! Desespero de quem vê tudo ao redor ruir sentindo-se impotente com a cegueira em torno. Como compreender que alguém que persegue, inclusive nas madrugadas, seja acolhedor? Que figura divina poderia, depois de prender os filhos, soltá-los das grades em perdão? Construímos um personagem à nossa imagem, não a de um Deus que deveria ser complacente, paciente e orientador.
(continua)
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