A única verdade é a própria. Nada sou. Não há motivo. Encruzilhadas existem em todas as estradas. Tortuosas ou retilíneas. O fruir depende dos olhares que me dirigem. Do ir e vir das percepções e intuições. Do momento em que a luz e a lua me fazem cilada. Infinitas sombras, simulacros, mentiras ordinárias. Que opção mais imbecil ao dizer Eu irei, Senhor. Mande-me! Que não houvesse a tenaz nem a brasa; nem qualquer delírio. Melhor culpado e morto que inocente com o peso da impotência. Diante de meu rosto cheio de dobras e linhas, de sua rudeza, de minha desproporção, ladrões dividem o roubado, prostitutas abrem as pernas por um trocado, pessoas urinam, alcoólatras vomitam, políticos sobem em palanques, militares marcham, e fiéis vão à igreja, essa atrás de mim. Quanto tempo aguardando que armas fossem transformadas em pás, arados, e enxadas! Que justiça é essa que faz do justo criminoso, do injusto legislador? Vocês leem, mas não compreendem. Tenho minhas mãos suculentas.
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