Enquanto mordia e mastigava a fruta, Artur tentava compreender o estranho e pesado cansaço com que acordou. A carne e as juntas do corpo doíam muito, como se andasse a levantar uma parede de pedras. Há muito, não erguia um único tijolo e a idade não era muita para justificar aquele mal-estar todo, muito menos a noite que havia sido muito prazerosa. Se um caminhão passou por cima de meu corpo, foi no sonho, disse às paredes. De uns tempos para cá, vinha a falar com elas. Somente assim conseguia se distrair do coro que vinha de dentro. O falatório perdia as forças com o passar das horas. No almoço, não haveria mais que um frágil sussurro, um som de procissão a se esgotar nas inflexões das ruas. Acostumou-se.
(continua)
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