A mulher pegou seus objetos pessoais e saiu, não teria coragem de encará-lo e dizer que tinha medo. Passeou os olhos uma última vez pela sala, já estava se acostumando a ela. Chamaram o elevador ao mesmo tempo. A seta acendeu primeiro para ela. Ficaram cara a cara. Estou indo, deixei tudo arrumado… Eu vou levá-la. Não, não precisa, eu me viro, qualquer dia desses a gente se encontra novamente. Se você quer assim… Tão logo a mulher desapareceu na multidão, entrou no elevador. O tapete amarelo foi ultrapassado a passos lentos, deixou a porta do apartamento recostada e foi ao banho. A água escorreu pelo corpo, esfregou-se até não sentir mais o cheiro de fêmea. Tentou convencer-se de que era a melhor solução. Afinal, até ontem, não passavam de dois desconhecidos, disse às paredes.
FIM
Gonçalo M. Tavares venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira devido à "originalidade da sua obra…
Cornucópia rosada de carne palpitante… com neurónios, comandada puro arbítrio, caminhante… Permeável, errante… de louca,…
I A exemplo do que Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) disse do poeta argentino Rodolfo…
I Primeiro de uma série de cinco volumes, Poesia - Obra Reunida (Brasília: Universidade de Brasília/Thesaurus Editora,…
O professor Silas Corrêa Leite, jornalista comunitário, conselheiro diplomado em direitos humanos, ciberpoeta e blogueiro…