Assim que acordasse, a mulher ouviria Jorge Adios. Corpo de serpente, de criança que, assustada, roça o corpo no da mãe. Deixaria a água do chuveiro levar mais uma ilusão para o ralo, passaria a escova no corpo para tirar palavras e odores que a fizessem sofrer. Por um momento, acreditou na intensidade da cena. A mulher não passava de uma profissional que por algum motivo desconhecido resolveu fazer uma caridade, só isso, nada além de uma caridade. E ele querendo transformá-la em personagem literária. Quando acordasse, usaria o bilhete que deixara sobre a cômoda para limpar a bunda e bradaria palavrões por ter levado um pouco de seu dinheiro.
(continua)
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