Difícil escolher caminhos quando o passado não nos mantém mais e abandonamos a idéia de futuro. O andar fica mais pesado, os pés adquirem o peso de chumbo. Seguir para a Consolação ou para a Paulista? Para o cemitério ou para o vão do MASP? Meditar merecia o silêncio dos mortos ou das artes. Melhor ser encontrado sob a tutela de um Van Gogh ou Picasso. No outro lado da rua, avistou uma última vez janela ao alto. Uma parte sua tinha permanecido lá dentro. Os escapamentos dos ônibus despejavam uma fumaça preta no ar e no prédio ao lado um velho debruçado na sacada da varanda fitava a ausência.
(continua)
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