«São quase sempre mulheres. Um feminino grotesco, perto da terra, num tempo que não se vê. Mulheres encantadas, aleijadas, marcadas por fatalidades, longe do sonho e apanhadas em cada uma das histórias como a meio de um caminho, com os homens a aparecerem quase sempre a sublinhar a identidade desse feminino trágico. E sempre a sensação de se estar a meio de um percurso que é deixado em aberto. Nos 11 contos que a escritora Hélia Correia (n. 1949) juntou em “Vinte Degraus”, o princípio e o fim de cada um vive num sem tempo narrativo. (…) Fecha-se o livro e o que fica é a sensação de que ainda há algo por se cumprir. A linguagem é capaz de quase tudo. Hélia Correia domina-a como poucos escritores da língua portuguesa. Há o incómodo, o que perturba e questiona, mas sabe-se do fulgor da sua escrita em romance. E é inevitável a comparação com esse deslumbramento da escrita com maior fôlego, a cavalgada para o abismo. Sente-se por momentos nestes contos, faz parte da marca de Hélia Correia Mas que bom seria agora um romance.» [Isabel Lucas, «Público», «ípsilon», 7-11-2014]
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