A revista sueca «lambda nordica», no seu primeiro número deste ano, dedica a capa a «Novas Cartas Portuguesas», numa demonstração da importância e actualidade do livro, cuja publicação em 1972 levou as autoras – Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa – a tribunal por imposição do Governo fascista de Marcelo Caetano. A capa da revista remete para o artigo «Hifenizações: As Outras Vidas dos Conceitos Feministas e Queer», da autoria do prof. João Manuel de Oliveira, detentor de um PhD em Psicologia Social, e que coordena a linha de investigação Género, Sexualidades e Interseccionalidade no CIS-IUL (Instituto da Universidade de Lisboa). No artigo, João Manuel de Oliveira, sustenta que «o texto é extremamente importante como um marco precoce nas tentativas de repensar possíveis estrangulamentos que estavam nesse tempo em larga medida ausentes da teoria feminista internacional». E cita, a propósito, Ana Margarida Dias Martins, para quem a obra das Três Marias «advogava construções teóricas que antecipam, por exemplo, textos feministas franceses actualmente canónicos». Ao tempo em que foi publicado – conclui o autor – o livro «tornou-se uma “cause célèbre”, e todavia os seus conceitos não obtiveram a atenção das feministas». E mesmo hoje – acrescenta mais à frente o investigador universitário João Manuel de Oliveira – «estas áreas do conhecimento em Portugal (e também no estrangeiro) tendem a ser classificadas num espaço intermédio entre aceitação e rejeição, com um reconhecimento mal digerido revelador da ambivalente aceitação pela academia do trabalho feminista.»
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