Fortaleza sedia o I Seminário Pesquisas em Cultura. Entre amanhã, 15, e quarta, 16, o evento reune pesquisadores, gestores e artistas em torno do debate sobre gestão e produção cultural no Brasil.
Quais as diferenças entre as políticas culturais debatidas no meio acadêmico e a realidade vivenciada pelos produtores e artistas? Os gestores públicos levam em consideração as reflexões dos pesquisadores em cultura? A partir de questões como essas, o I Seminário Pesquisas em Cultura pretende discutir a relação entre as pesquisas acadêmicas e o mercado da produção cultural, amanhã (no auditório do Porto Iracema das Artes) e quarta, 16 (no Centro Dragão do Mar).
Procultura, Lei Rouanet, Sistema Nacional de Cultura, blocos de maracatu e festejos juninos são alguns dos temas a serem tratados no evento, que tem como convidada de destaque a historiadora Lia Calabre. Ela é chefe do setor de Estudos de Políticas Públicas de Cultura da Fundação Casa de Rui Barbosa, instituição de fomento à cultura com sede no Rio de Janeiro. A pesquisadora ministrará a palestra de abertura do seminário com o tema “Políticas Culturais Locais e o Sistema Nacional de Cultura: proposição de estudos”.
Em entrevista a O POVO, Lia Calabre antecipa a discussão e comenta sobre alternativas para os modelos de gestão cultural que existem nos dias de hoje. “Muitos estados e municípios vêm buscando se adaptar a um modelo mais democrático e participativo da cultura, que tem em sua base a existência de um conselho de política, a realização de conferências de cultura e a criação de um fundo”, pontua.
Embora perceba um crescimento dos estudos sobre políticas culturais, Lia Calabre afirma que ainda há resistência, por parte dos gestores públicos, no convite a uma maior participação da sociedade civil. “O compartilhamento do poder com conselhos de políticas com alto grau de participação social ainda não é bem visto pelo conjunto da classe política”, diz Lia. “A sociedade precisa se democratizar, a luta pelos direitos tem que reocupar a pauta dos movimentos sociais. Estamos em meio a um lento processo de transformação de cultura política”, completa.
E os gestores?
Como então aproximar o meio acadêmico e a realidade vivenciada pelos produtores, gestores e artistas? Paulo Mamede, secretário de Cultura do Ceará, afirma ser importante considerar que a pesquisa serve de suporte e referência e dá entendimento mais amplo do cenário cultural.
“O conhecimento da política cultural permite um melhor planejamento, execução e avaliação da implementação”, diz Mamede.
Quando perguntado sobre a relação entre pesquisa teórica e a prática das políticas culturais, Paulo Linhares, presidente do Instituto Dragão do Mar, é categórico. “Não existe, como imaginam os leigos, uma separação entre campo teórico e mundo prático. Na teoria, a prática é outra. Ou seja: a teoria organiza o pensamento e as práticas. Assim, a formação em gestão cultural exige que se entenda o campo cultural em termos de linguagens, tecnologias e organização social”, diz.
Já para Magela Lima, secretário de cultura de Fortaleza, a “reflexão intelectual é fundamental para subverter os limites que a vida prática impõe, como orçamentos e legislações”. O gestor pontua que quanto “maior o volume de pesquisas desenvolvidas, maior é o cenário de possibilidades que se coloca, o que é sempre bem-vindo, sobretudo num setor de fragilidades e desafios tão expressivos como a gestão pública da cultura.”
http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2014/07/14/noticiasjornalvidaearte,3281221/a-arte-da-politica-cultural.shtml … (FONTE)
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