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Como Se Nada Fosse, de José Alberto Oliveira

Após a publicação, na Assírio & Alvim, de Tentativa e Erro, em 2011, José Alberto Oliveira está de regresso com este Como se nada Fosse, onde encontramos alguns dos mais belos poemas da sua obra: esboços de uma autobiografia, cogitações, homenagens, sobressaltos, leituras.

SEM TÍTULO
Quando percebemos que a vida
é um calafrio na imensa aspirexia
que a rodeia — quinze lustros graças
à higiene e à penicilina (e ninguém
assegura tratar-nos a febre)
temos de reconhecer como é grande
a nossa malícia — exigir a cada dia
que outro lhe suceda e agradecer
o mal que nos atinge e a desdita
que nos ampara, acordar sem jeito
e adormecer sem mágoa,
como se nada fosse.

Médico cardiologista, José Alberto Oliveira nasceu em 1952 em Souto da Casa, Fundão, e vive atualmente em Lisboa. Publicou o seu primeiro livro de poemas em 1992, na Assírio & Alvim, e surpreendeu pelo seu lirismo discreto e pela diversidade temática de aproximação a aspetos do quotidiano, onde além disso são notórias as influências da poesia de língua inglesa. Traduziu Auden, Russell Edson, Frank O’Hara e Charles Simic, entre outros.

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