Rumorosas asas, as mãos, na palidez do rosto.
O meu rosto em frente à pedra, na lembrança viva da pedra, o sangue quente atravessando o corpo, do levante ao ocaso.
Dias e noites trepidantes, com a febre nas têmporas, um vidro vermelho no candeeiro, uma canção de embalar, as sombras, as sombras na parede.
Um morcego, uma borboleta, as orelhas do coelho, as asas, altíssimas.
As nódoas no tecto, os mapas dos países de ida e de volta, uma dor sem princípio, a pedra enegrecida pela fuligem que fica nas mãos quando um amor morre.
Santas mãos, miraculosas, berços, catres, esquifes, doçura tanta, mágoa infinita, viandantes mãos sem corpo, no meu corpo de antes, no meu corpo presente, no meu corpo futuro, no meu copo, no teu copo, no nosso copo de todos os dias, agora e em todas as horas, vazio e pleno, ofertado e recusado.
Só as mãos nos acodem, no negrume e na alvura, na cupidez e na devassa, na sede e na embriaguez, no primeiro dia, no último dia.
Licínia Quitério, em “O LIVRO DOS CANSAÇOS”
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