…e é tão mordaz que chego a sentir saudades de ser tudo aquilo que nunca fui…
Eu só quero morder-te como à vida beber, ferrar-te os lábios e agarrar-te sempre que te vejo cair porque num instante vejo-te viva, noutro sinto-te perto…de mim!
Beijar-te as mãos, acariciar toda a tua história porque hoje és ontem também e amanhã quero-te comigo incondicionalmente!
Tu não vês mas eu sou gordo desta dor que me sufoca, mórbido…sem amor…
Eu já nem quero que me abraçes – quero que te aconchegues a ti, que te amarres à lua, quero que voes sob as nuvens e que desamparadamente caias – porque sei que vais cair, nos meus fartos braços sedentos do teu cheiro, do teu calor, do teu cansaço amargurado, sedentos de ti.
Quero que me ouças berrar – berros escangalhados, na areia cultivados, com a forma dos nossos corpos despidos, corpos envergonhados, corpos mudos aos olhos do mundo – calados!, corpos colados e cansados de envelhecer.
Eu já nem quero que digas que me queres se me quiseres. Que me queiras! Se me quiseres aguardo-te nu, ansiosamente frio e com a louca vontade de te agarrar quando caires porque onde quer que estejas e para onde quer que vás eu quero que saibas que sempre terei força para te agarrar, para te segurar…não só por seres alguém mas também por seres a tal.
Minha querida ladra, eu estou pronto para te agarrar.
Rui Sobral
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