tomba um manto de frio sobre o corpo
um frio glacial sobre a cabeça
mais fria é a ausência que pica o ar como uma agulha dorida
estendo-me sobre um cobertor de palavras desarrumadas
e digo sílabas que beliscam a língua…
água sal o teu nome
o nome das coisas onde puseste as mãos
como um rastilho de pólvora em flor
sacudo a memória dos teus cabelos e uma joeira de luz ilumina-me os medos
os cantos da casa vertem uma canção de primavera
agora é de ouro a jarra que adorna a saia
a moldura do teu retrato é uma hélice de orquídeas verdes
que perfumam as lágrimas
e um farrapo de prata borda de amor o silêncio
maria isabel fidalgo
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