O segundo aniversário do PNETliteratura

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No dia 8 de Setembro, depois de amanhã, o site PNETliteratura cumpre o seu segundo aniversário. Há um ano, levámos a cabo aquele tipo de festejos que são desejados e merecidos após a excelente maturação de um primeiro ciclo. Neste ano e nos anos a vir, a passagem do tempo exigirá de todos nós – equipa editorial, escritores residentes, colaboradores, administração e correspondentes – a mesma festa (é preciso saber tocar com a mão aberta nas estrelas!), mas sobretudo a certeza de que estamos a testemunhar, no dia a dia, o legado da persistência, a exigência de qualidade e a confirmação de um espaço de referência na literatura que se vai escrevendo em Português por esse mundo fora.

 

Se em 2009 o site PNETliteratura fez do patrocínio de Paraty uma questão particularmente simbólica, este ano estivemos no Correntes d’Escritas da Póvoa do Varzim, entre 24 e 27 de Fevereiro; na Feira do Livro de Leipzig, entre 18 e 21 de Março e ainda no Pen Word Voices Festival of International Literature de Nova Iorque, entre 26 de Abril e 2 de Maio. Apesar das dificuldades dos mercados, continuamos apostados em promover um prémio literário inovador que, a seu tempo, será divulgado. Ao longo deste ano, a galeria de escritores residentes aumentou e muitos foram, portanto, os nomes que se vieram juntar à singular inscrição do PNETliteratura, nomeadamente Germano de Almeida, Cecília Prada, Filipa Melo, João Moreira e Sá, Patrícia Reis ou Vítor Burity da Silva. Uma palavra para Eustáquio Gomes, nosso colaborador da primeira hora das terras do Recife que, em Julho passado, foi acometido de doença súbita. Que se recomponha inteiramente… são os nossos votos nesta altura de comemoração!

No capítulo das parcerias, todo o destaque da rentrée em que agora entramos – e do ano de 2011 que já se avizinha – vai para a preparação do “Balanço Literário da Década no mundo lusófono”, iniciativa que o PNETliteratura reparte com o Centro Nacional de Cultura com apoio do Ministério da Cultura. O balanço terá lugar, todas na última quintas-feira de cada mês, a partir de Setembro 2010, nas instalações do CNC em Lisboa ao Chiado. Guilherme de Oliveira Martins abrirá  o ciclo com uma conferência subordinada ao tema “A expressão literária como esteio da lusofonia”. Seguir-se-ão: em Outubro de 2010, “O romance português” por Miguel Real; em Novembro, “O romance brasileiro” por Maria Aparecida Ribeiro; em Janeiro de 2011, “A poesia do século XXI em Português” por Eduardo Pitta; em Fevereiro de 2011, “Os desafios da tradução” por Maria do Carmo Figueira; em Março de 2011, “O papel da crítica literária” por José Mário Silva; em Maio, “A Literatura na África lusófona” por Ana Paula Tavares; em Junho 2011  – “O acordo ortográfico e a literatura no espaço lusófono” por Vasco Graça Moura; em Setembro 2011 – “A ilusão (da) crítica: os estudos literários africanos e a ordem eurocêntrica” por Inocência Mata; e em Outubro de 2011, “O mundo editorial na primeira década do século” por Jorge-Reis Sá. O balanço literário da década encerrará com uma mesa redonda, na última quinta-feira de Novembro de 2011. O primeiro ano da nova década promete!

De resto, o site – ou o sítio – PNETliteratura continua igual a si próprio, nas suas finalidades e no seu âmbito. Resumiria em sete pontos esta disposição que nos anima há já dois anos: Uma estratégia: tomar o pulso à lusofonia literária. Um devir: transformar os inéditos em acervo aberto na rede. Um pressuposto: respirar o quotidiano sem repetir a agenda. Uma preocupação: analisar os legados literários do nosso tempo. Uma necessidade: estar nos quatro cantos do mundo. Uma impulsão: problematizar o fazer literário. Um desejo : Reatar o espírito de ludema literário. Respiremos fundo, que há pelo menos mais um século pela nossa frente.

Termino este editorial comemorativo, transpondo o último parágrafo do editorial que redigi há precisamente dois anos: “Neste tempo de crise criativa – a crise significa cada vez mais o nosso dia-a-dia –, passámos a viver num universo sem quaisquer receitas paternalistas. O alívio que tal pressupõe é, sem dúvida nenhuma, também, uma imensa importunidade. É por isso que, neste novo site sobre literatura, o que essencialmente se joga é a capacidade radical de a poder e saber inventar, criar e problematizar”. Para que não nos acomodemos nunca, confesso-vos com toda a sinceridade: não retiro uma única linha a este quase manifesto.